Archive for the 'Arquivo Confidencial' Category

25
out
13

Insônia criativa


Nada como uma noite insone depois de um dia tão saudosista. Tudo começou com um cigarro. Depois de passar alguns dias sem fumar, o primeiro trago sempre vem com gosto de saudade. Ele ativa a lembrança das primeiras vezes que fumei, há 10 anos. Aquela sensação de estar fazendo coisa errada, de estar se rebelando, de deixar de ser o nerdzinho idiota do ensino fundamental (que ainda se chamava ginásio) para me tornar um adolescente rebelde idiota no ensino médio (que na época era colegial).

Depois veio o passeio por Barão Geraldo. Ver o ano de 2005 passando por mim. Era tudo sem perspectiva, mas com tanto sonho pela frente. Veio a lembrança mais recente, mas não menos distante, das (poucas) vezes que atravessei aquela avenida achando que eu ia reaver o que tinha tornado minha primeira estadia em Campinas, anos anteriores, tão desesperançosa.

Passar em frente ao Franz Café e lembrar das vezes que fui lá com minha irmã no meio da tarde. Passar pela Paneteria e lembrar de outros cafés da tarde. Estava pensando em ir sozinho nesses lugares, como o personagem de Robert Pattinson fazia no filme “Lembranças”, mas preferi voltar pra casa e dormir.

Ficar sozinho a tarde no apartamento, com preguiça, sono e sem nada para fazer, me lembrando dos dez meses que passei desempregado, quando minha maior diversão era ficar interagindo com Deus e todo mundo nas redes sociais e vibrava quando liam minhas participações no “mural” da ESPN Brasil, o que aconteceu novamente nesta tarde.

O anoitecer de uma tarde de verão, ou de pelo menos horário de verão. A lembrança de 2003, que foi uma das melhores férias de dezembro/janeiro que já tive. Começava a me viciar em The Cure, li “O apanhador no Campo de Centeio”, assisti “Irreversível” e alguns outros filmes cults que eu começava a gostar de ver. Sentir o vento dessas tardes e noites quando punha a cabeça para fora do quarto, ou mesmo quando sentava no parapeito da janela (achava super radical correr tanto risco no segundo andar de um sobrado).

A noite insone, ficar lendo até o dia amanhecer, tentar dormir e não conseguir, desistir, começar a escrever. Como aconteceu em 2002 quando eu li “Os sofrimentos do Jovem Werther” em uma madrugada e depois em 2007 quando li “A garota das laranjas” também em uma noitada (mas depois fui pescar, pela primeira e última vez).

Ficar remexendo e remoendo antigas postagens no Facebook. 2009, quando me conectei, quando me formei. Aquele desespero de estar no fim da melhor época da vida e sem saber o que o futuro prometia. Os amigos, as cervejas, as risadas, as paixões… Tudo tão rápido e intenso.

Pensar no quanto as lembranças são efêmeras nas redes sociais. Se um dia o Fotolog sumir eu perco grande parte das fotos que tirei entre 2003 e 2005 (com raras participações nos anos anteriores). Quantas coisas interessantes (ou não) que eu escrevi e já se perderam no Twitter, Facebook e nos demais blogs que tive.

Olhar pela janela as pessoas na rua começando o dia. A sensação de ficar observando, como fazia na varanda da casa na Tobias Barreto, em São Paulo. A velhinha que ficava na janela da frente. Uma vez chegou uma ambulância naquela casa, uma mulher saiu chorando desesperada e depois a velhinha nunca mais voltou. Ou pode ter voltado, mas eu a matei naquele instante. A varanda da Paulino Lippi, que dava pro pomar, não dava pra ficar vigiando os outros de lá. A velha da frente da Prefeito Horacílio, que me fez companhia (sem saber) durante as férias de 2000, enquanto eu lia os 4 primeiros livros de Harry Potter. Naquela varanda foi a primeira vez que percebi que seria fumante. Ficava lá e me dava uma vontade de fumar (com 13 anos e sem nunca ter fumado). A varanda da Waldomiro Rossetti, quando eu levava o Philipe pra rede e cantava até ele dormir. Ou quando eu ficava ouvindo minhas músicas emos de adolescência e impulsionando o balanço com força.

Encontrar meu TCC e não ter coragem de ler. Acho que vou me sentir tão ridículo, acho que vou pensar que poderia ter feito bem melhor (e realmente poderia, se não deixasse tudo pra última hora como sempre).

Sentir calor e lembrar do natal de 2000, quando toda família ficou em uma chácara e eu não conseguia dormir a noite por causa das queimaduras de sol e por não ter nem um ventilador. Lembrar do calor de Bauru. Lembrar de Bauru (e volta umas linhas pra cima)

Acho que era por isso que não conseguia dormir, “haja hoje para tanto ontem”. Tenho que escrever mais. Escrever mais pra mim, escrever mais pro blog, escrever mais pro “Irmão que fica”. Enfim, é isso… boa noite!

29
abr
11

De novo…


Nesta semana eu pedi demissão e estou, de novo, disponível ao mercado.

Muitas coisas me levaram a tomar tal decisão e o aspecto salarial foi o que menos pesou. Já estava com a sensação de dever cumprido. Dei àquele jornal a minha contribuição, acho que ajudei a melhorá-lo. Também aprendi muito, conheci muitas pessoas e passei sete meses felizes. Mas, a sensação de inércia era grande e achei que era chegada a hora de partir.

Procurar emprego é uma merda e falam que é igual procurar namorada, quando você consegue uma (ou um emprego) aparecem várias outras (ou outros, no caso profissional).

Mas eu tento ser o mais correto possível e se é para ficar trabalhando de má vontade é melhor não trabalhar.

Tentarei atualizar este blog com mais frequência, enquanto estiver desempregado. E se alguém souber de alguma pessoa que procura um jornalista… estou aqui…

12
set
10

Um jornalista em crise


Parece que aquele 8 de março de 2006 foi ontem. O dia que fui chamado pela Unesp. Começava ali minha vida de jornalista. Tantos sonhos, tantas ilusões, tantos projetos. Iria mudar o mundo com as palavras. Tá bom, não era tão pretensioso assim, mas achava que poderia ajudar um pouco.

Não sei se minha decepção com o jornalismo foi instantânea ou gradual. Pode ser que veio junto com o comentário que ouvi ao acender o primeiro cigarro na faculdade: “Você fuma! Você vai ter câncer!”. O mito de que os jornalistas são todos fumantes terminava ali. Tudo bem que a pessoa que me disse isso passou a fumar durante a faculdade, mas os fumantes de minha turma eram a minoria. Geração saúde.

Mas, durante os quatro anos de jornalismo eu fui vendo que não mudaria o mundo com minhas palavras. Fui me prendendo em um idealismo ou outro. Fui me soltando de um sonho e outro. Acabei formado. Com um diploma na mão (no sentido figurado, pois o diploma ainda não chegou) que não vale nada, afinal, todos são jornalistas no Brasil.

Na faculdade confirmei que o jornalismo praticado na Grande Mídia não é o jornalismo que eu quero para mim. Não quero ser William Bonner, nem Wack, nem Carlos Nascimento, muito menos Boris Casoy. Se é para ser algum Boris prefiro ser o Yeltsin, não pelo poder, mas pelo nível alcoólico. Não consigo criar ídolos em minha profissão. Não sei se isso é normal. Talvez uma médica idolatre a Dra. Quinn ou o House. Nem na ficção tem jornalista que me comove.

Fiz jornalismo para tomar cerveja entrevistando travestis, para ir a um asilo conhecer a história de vida dos idosos que ali internados, para fazer jornal de bairro. Mas essas coisas não vão me sustentar. Dá para fazer um jornalismo alternativo e tirar dois mil por mês? Ou será que eu estou na profissão errada? Ou será que eu tenho que me vender pro convencional até ser contaminado e esquecer dos meus sonhos e do que eu queria para mim?

Não fiz jornalismo pra escrever pra quem não acredito. Não fiz jornalismo pra assessorar quem eu não acredito. Não fiz jornalismo pra ir contra minhas convicções e ideologias, muito pelo contrário, eu fiz para disseminá-las. Como eu vou me vender? Para que eu vou me vender? Qual é o preço disso? Mil e quinhentos por mês? Dois mil? Três mil? Quem dá mais?

Sou idealista demais para ser jornalista atualmente? Será que sou tão idealista assim?

23
jun
10

Meus Blogs, minha vida. Não é um programa do Governo Federal


Blig, Blogger, UOL Blog, Blogspot e agora WordPress.

Estou sempre insatisfeito com os servidores de blogs? A resposta é não.

A mudança do Blig pro Blogger se deu porque o IG restringiu o serviço para assinantes, como eu não era assinante do IG perdi toda a primeira fase da minha adolescência virtual. Meu primeiro blog no IG eu fiz aos 15 anos, era o Qualquer Coisa, ou alguma coisa assim. Depois criei o Blog do Marcão, com mais personalidade. Personalidade de um menino de 15 anos. Patético.

O Blog do Marcão continuou no Blogger por mais longos anos. Acho que ficou lá de 2004 há 2007, talvez 2008. Então resolvi criar meu primeiro blog sério. Algo mais jornalístico. Fui então para o UOL, onde eu era assinante. Mais uma vez meu blog desviou para o lado pessoal, coisas banais e idiotas e acabei abandonando-o.

Em abril deste ano criei o Devaneios fute-políticos no Blogspot. Depois de uns três posts eu resolvi “mudar de casa” novamente. Dessa vez por insatisfação mesmo. Acho que o WordPress tem uma aparência mais profissional, mais adequado para o que eu procuro.

Quanto ao nome do Blog, resolvi tirar o hífen que separava o Fute do Político, tornando tudo uma coisa só. Não sei se está gramaticalmente correto, mas achei que ficou mais simpático.

Cada blog que eu tive foi um momento da minha vida. Os do Blig significavam o início da adolescência, o do Blogger era essa fase da vida em palavras, ou caracteres, o do Uol foi a minha faculdade (onde eu não tinha tanto interesse em postar porque estava fazendo coisas mais interessantes), o do Blogspot foi meu período de adaptação ao pós faculdade e o WordPress é minha vida adulta.

Aqui não sou mais o Marcão ou o Marquinhos, aqui tentarei ser o Marcos André Andrade, jornalista. Boa sorte pra nós! 😉




Marcos André Andrade

Jornalista formado, ou deformado. Escritor frustrado. Boêmio. Amante de MPB e futebol. Adora fazer piadas ridículas. Sofro com uma Variação Constante de Humor.

Pra não se perder

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