Posts Tagged ‘Política

29
jun
13

Dilma paga o pato


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Há três semanas atrás Dilma Rousseff tinha uma aprovação recorde e uma reeleição garantida. Depois da onde de manifestações populares, tudo é um incógnita. Não houve nenhum grande escândalo de corrupção (como em 2005), o índice de desemprego não está absurdo (como em 2001), a inflação começa a assustar, mas está muito longe do que foi no final do governo Sarney e Dilma não confiscou as poupanças como Collor.

A revolta popular começou com a tarifa do transporte (responsabilidade dos prefeitos), passou pela repressão policial (responsabilidade dos governadores), desembocou no sentimento de impunidade (responsabilidade do judiciário) e chegou a projetos de lei, como a PEC-37 (responsabilidade do congresso). Sem contar nos gastos para a Copa do Mundo, onde novamente é responsabilidade dos Governos Estaduais, que fizeram empréstimos do BNDES (federal) para reformar e criar estádios, sendo que muitos vão para a iniciativa privada (Maracanã e Mineirão, por exemplo).

A tendência é que a movimentação popular vá se acalmando e que Dilma chegue à Copa com uma aprovação na casa dos 50% (se não acontecer nada de extraordinário), quando deve enfrentar mais uma série de manifestações, perdendo popularidade às vésperas da eleição.

O brasileiro vota em candidato e não no partido, apesar do PT ter um eleitorado cativo e uma rejeição também cativa. Mesmo assim, dado este cenário, Lula deve retornar como o salvador da pátria e ser candidato à Presidência em 2014.

Governos estaduais e Congresso também devem passar por mudanças, já que o problema não é a Dilma e sim o sistema político atual, no qual a população não se sente representada. Vamos ver se a Reforma Política sai ou não sai e, se acontecer, como vai ser implantada.

02
jun
13

A reeleição de Dilma passa pela Copa


É fato que Futebol e política estão atrelados. A FIFA é uma estrutura política, vários países tem políticos no futebol e vice-versa (Exemplos não faltam, mas cito dois Eric Cantona, que foi candidato à presidência da França e Berlusconni, ex-primeiro ministro italiano e presidente do Milan). Mas não é só isso. O futebol é constantemente usado politicamente. Temos alguns exemplos diplomáticos, como quando Pelé interrompeu uma guerra civil no Congo Belga e a seleção brasileira foi ao Haiti fazer o jogo da paz enquanto aquele país sofria um golpe de estado.

Além disso, o sucesso da seleção nacional está diretamente ligada à continuidade ou não do grupo político que está no poder no país. Vamos aos exemplos internacionais: Em 1978 a ditadura militar Argentina influenciou diretamente no título mundial dos vizinhos, com suspeitas até de interferência em resultados. Assim como em 1970, no Brasil, os militares precisavam deste título para mostrar que as coisas estavam indo bem. Outro exemplo é o tricampeonato alemão, em 1990. Era um momento de unificação das Alemanhas, com a queda do muro de Berlim, e o título Mundial veio bem a calhar.

No Brasil, vimos o uso direto do futebol na política, como já citado, em 1970. É constante os relatos de pessoas que eram contra a ditadura tentando torcer contra a seleção (tentando porque o futebol de Pelé, Gérson, Tostão e Rivelino atrapalhavam os planos). O tema da seleção “Pra frente, Brasil” era um ode ao governo militar e não só uma canção de apoio aos canarinhos.

O primeiro título Mundial do Brasil, em 1958, também pode ter alavancado a aprovação do Governo Juscelino Kubitschek. O país vivia aquele clima de “50 anos em 5” e nada melhor do que o Brasil chegar ao topo do mundo no futebol para expressar isso.

Tanto o tetra e o pentacampeonato estão atrelados ao sentimento de mudança que o país vivia. Nas duas ocasiões a seleção tinha decepcionado nas eliminatórias, mas “a união faz a força” e tanto a equipe de Parreira, que entrava de mãos dadas no gramado, quanto a “Família Scolari” ganharam a Copa. A temática eleitoral de FHC e Lula era a mesma: “Esperança”. Em 1994, o Brasil saia da grave crise econômica do começo dos anos 90, de diversos planos frustrados. A chegada do Plano Real fazia com que os brasileiros acreditassem mais no futuro. Em 2002, o Brasil vivia uma grave crise de desemprego e Lula representava a mudança política econômica necessária ao país.

É por isso que a reeleição de Dilma passa diretamente pela Copa. Já estamos vendo o ufanismo em amistosos da seleção. O torneio Mundial ser disputado no Brasil exalta essa sensação de nacionalismo. Uma grande frustração (tanto na organização como dentro de campo) pode refletir nos votos da atual presidenta, enquanto a conquista do hexa vai alimentar a impressão de que “estamos no caminho certo” e ser essencial na reeleição de Dilma.




Marcos André Andrade

Jornalista formado, ou deformado. Escritor frustrado. Boêmio. Amante de MPB e futebol. Adora fazer piadas ridículas. Sofro com uma Variação Constante de Humor.

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